Em Transe de 10 de Novembro


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A Winged Victory for the Sullen - The Undivided Five - The Rhythm Of A Dividing Pair
Conor C. Ellis - Soft Earth - The Heron
Ana Roxanne - ~​~​~ - It's a Rainy Day on the Cosmic Shore
R Beny - Echo's Verse - Echo's Verse
Bersarin Quartett - Methoden und Maschinen - Wenn Wir Nur Vollen
Edouard Cheritel - Suite No1 - Movement 2
PA Winged Victory for the Sullen - The Undivided Five - Sullen Sonata
N & Signals Under Tests - Disrupt / Construct - Construct III
Bersarin Quartett - Methoden und Maschinen - Nichts Zu Verlieren
Hammock - Silencia - When It Hurts to Remember
Dustin O'Halloran & Hauschka - Lion (OST) - Theme
Stars of the Lid - And Their Refinement Of The Decline (Disc 1) - Even (Out) +

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(Last Show November 10th)

No deserto
não dá como não fazer de vento junto à areia
a lama espalha-se num corpo suspeito de fome
as brasas teimam nos pés
enquanto espreitamos a vertigem
dos traços roídos nas dunas
fixamos-nos num silêncio abissal
as visões múltiplas
como certas palavras e vínculos
que só germinam em finos horizontes.

No deserto
não dá como não acreditar em geometria existe uma ideia de simetria imperfeita que nos cala
como se as linhas retas fossem a fala do infinito
o sopro que acompanha e embala o grito
o vento quente da cidade
e do mar uma hora transparente reflete a dignidade da memória.

No deserto
não dá como não esperar que um dia alguém nos devolverá
a aridez enlouquecida que sepulta
os corpos a pó
eis quando a terra se acenderá ao sol poente que rendido guia a nossa trajectória.

Não dá como não contar o tempo no deserto
sete da manhã batem no céu
um forte surto de um laranja incorrupto.
Não dá como não acreditar em glória e em absoluto.

Poema | Poem by - Ana Freitas Reis
Fotografia | Photo by - Alípio Padilha

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